Luto: conheça a trajetória de Francisco
Nascido na Argentina, em 1936, Jorge Mario Bergoglio chegou a trabalhar como professor de literatura

Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, morreu aos 88 anos. O pontífice ficou conhecido pelo seu perfil carismático e pelas reformas que promoveu na Igreja Católica. Ao longo da carreira, antes de ser papa, o argentino também estudou química e trabalhou como professor.
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Nascido em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, Francisco foi o primeiro papa latino-americano da história. Ele também foi o primeiro pontífice da era moderna a assumir o papado após a renúncia de seu antecessor e, ainda, o primeiro jesuíta no posto.
À frente da Igreja Católica por quase 12 anos, Francisco foi o papa número 266. Em 13 de março de 2013, durante o segundo dia do conclave para eleger o substituto de Bento XVI, Bergoglio foi escolhido como o novo líder – inclusive contra sua própria vontade, segundo ele mesmo admitiu.
Mas a carreira no catolicismo foi uma escolha própria do argentino. Formado em Ciências Químicas e professor de Literatura, o religioso, filho de imigrantes italianos, acabou se dedicando aos estudos eclesiásticos.
O perfil jovial e descontraído do religioso fez com que ele se tornasse uma opção popular entre os colegas cardeais e uma escolha ideal para a Igreja, que vivia um de seus momentos mais delicados.
Arcebispo da capital argentina, ele era considerado um homem tímido e de poucas palavras, mas com grande prestígio entre seus seguidores. O religioso era admirado por sua total disponibilidade e seu estilo de vida sem ostentação.
O argentino também era reconhecido por seus dotes intelectuais, por ser considerado dialogante e moderado, além de ter paixões pelo tango e pelo time de futebol San Lorenzo.
Antes de seguir carreira religiosa, Bergoglio formou-se técnico químico. Depois, ingressou em um seminário no bairro de Villa Devoto.
As reformas da Igreja Católica também foram outra marca de Francisco. Ele iniciou um processo de reformulação das estruturas da Cúria, que é o governo do Vaticano, com atenção especial para a parte econômica e financeira.
Francisco parecia impulsionado por uma missão urgente: incentivar uma Igreja, desertada em alguns países, a acompanhar com misericórdia os católicos em situações irregulares.
"Podemos falar de uma revolução, nos passos do Concílio Vaticano II (1962-1965), que abriu a Igreja ao mundo moderno", disse à AFP o especialista em Vaticano Marco Politi, em 2016.
Politi classifica Francisco como "um grande reformador” que tentou fazer "com que a Igreja abandonasse sua obsessão histórica em tabus sexuais".
O argentino foi eleito, entre outros motivos, para continuar a reestruturação econômica da Santa Sé iniciada sob Bento XVI, com medidas como o fechamento de contas suspeitas no banco do Vaticano, por muito tempo acusado de lavagem de dinheiro.
"Em termos de doutrina, ele [papa Francisco] não mudou nada. Neste sentido, nunca fez parte dos progressistas", afirmou Politi. Segundo o especialista, o papa não tinha a intenção de ordenar padres casados ou mulheres e se mostrou horrorizado com o aborto. Ele gostaria que seu trabalho reformista tivesse "continuidade".
O papa tinha um forte consenso entre os fiéis e, também, entre alguns agnósticos e não-crentes. Mas ele não agradava aos ultraconservadores, que tentavam desacreditá-lo. Como papa, Francisco enfrentou assuntos delicados para a igreja, como os direitos LGBTQIA+ e o sexismo.
Ele foi o primeiro papa a ter convidado um transexual ao Vaticano e se recusou a julgar os homossexuais. Para Francisco, a igreja era um “hospital de campanha, não um posto alfandegário", que separa os bons e maus cristãos, disse o especialista Marco Politi.
Ele foi elogiado por avanços, como ao permitir bênçãos de padres a casais do mesmo sexo, mas acabou sendo alvo de polêmicas ao dizer que existia "bichice demais" nos seminários, em 2024. À época, Francisco pediu desculpas pelas afirmações.
O pontífice também ficou conhecido por colocar mulheres em cargos mais altos no Vaticano e permitir que elas votassem no Sínodo dos Bispos — a reunião em que bispos debatem e decidem questões ideológicas e regimentos internos.
Por outro lado, ele foi criticado por não adotar as medidas necessárias para autorizar sacerdotes do sexo feminino na igreja, que é uma reivindicação histórica de parte das mulheres católicas.
O papa defendia que apenas cristãos do sexo masculino poderiam ser ordenados para o sacerdócio, usando como base a premissa da Igreja Católica de que Jesus escolheu homens como apóstolos.
Francisco também fez vários discursos políticos durante sermões. Ele não poupou críticas a líderes de países em guerra, como o russo Vladimir Putin e o israelense Benjamin Netanyahu. O papa também criticou a União Europeia e os Estados Unidos ao defender imigrantes e refugiados.
Fonte: g1
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